Palavraria


Chego à beira da verdade
Mas vou embora
Desço corredeiras e desenho aliviada nas nuvens
Anuncio livre que verdades não existem
Mas alívio é relativo
Chego a perceber qual a face da vida
Mas vou embora
Chego a perceber que cheguei ao raso motivo que me trouxe de volta,
vi a intransigência daquela cor que queria decorar minha dúvida,
mas ninguém pode,
minha dúvida sonha e deriva a vontade, me mantém lúcida,
minha dúvida é meu tratamento, ela navega em mim,
deduz, desiste, conduz, eleva para destruir e constrói.
Tenho sede de dúvida, vida de dúvida, chuva de dúvida, nuances íntimas de sanidade ou não.
Dúvida
Razão
Ilusão.
Debret

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Distante ou não da porta do advento da vida
Levanto de leve a santa ofensa proferida
Desejo um vento forte que rejeita
Viajo mas a vida sucumbe
Raízes relevantes do nada
O jejum se esvanece
Coisa alguma me convence
Esquece

Debret

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Deitada na nuvem mais próxima resolvi cair no mundo
Fui silenciando minhas ternuras em ruínas
Evitei pensar que caindo eu me encontraria
Inútil porém ao respirar não sentir o frio da expectativa
Viver sem ser alguém
Sentir em vão as agruras da palavra
Morrer para renascer no dia do ridículo sentido oposto
Surgir no grão da areia que é parte da teia infinita
Ser tudo e todos e não passar de um nada
Ser poeira na folha que o vento apaga  
No vago me sinto mais plena
Sentei na soleira da porta do diabo
Mas...
No vago me sinto mais plena
Continuo minha queda
Pelo menos ela é livre.

Debret

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